Satélites Artificiais
Onde começa o espaço?
A partir dos 100 km de altitude, já temos uma densidade atmosférica tão baixa que é considerada a "entrada" do espaço.
Quando falamos de satélites, principalmente os que ficam pertinho da Terra, estamos falando da chamada Órbita Baixa da Terra (Low Earth Orbit – LEO), que vai de 100 km até cerca de 2.000 km de altitude.
Velocidade orbital: 7,8 km/s (ou 28.000 km/h).
(Para comparar, um avião comercial viaja a cerca de 920 km/h).
Um satélite em LEO completa uma volta inteira na Terra em apenas 90 minutos.
O que são satélites?
Satélites podem ser naturais, como planetas e asteroides, ou artificiais, que são os equipamentos projetados e enviados ao espaço por nós, seres humanos.
Os satélites artificiais são ferramentas incríveis para estudarmos a Terra e o espaço de forma remota. Eles nos ajudam a observar e entender melhor o nosso planeta, o clima, os oceanos, as florestas e até mesmo eventos extremos como furacões e incêndios.
Cada satélite é criado com um objetivo específico. Esse objetivo é o que define em que tipo de órbita ele vai ficar.
Em geral:
- Quanto mais longe da Terra, maior a área que o satélite consegue observar, mas a resolução das imagens fica menor.
- Se o foco é monitorar um bairro de uma cidade, é melhor um satélite de órbita baixa.
- Se a missão é acompanhar uma tempestade gigantesca, faz mais sentido usar um satélite em órbita mais alta.
Tipos de Órbitas
Segundo a EOS Data Analytics, existem cinco órbitas principais para satélites:
Tipo de Órbita | Altitude | Período Orbital | Principais Usos |
---|---|---|---|
LEO – Órbita Baixa da Terra | 160 a 1.500 km | 90 a 120 minutos | Sensoriamento remoto, observação da Terra e pesquisa científica |
MEO – Órbita Média da Terra | 5.000 a 20.000 km | 2 a 12 horas | Sistemas de navegação (GPS) |
GEO – Órbita Geoestacionária | 35.786 km acima do Equador | 24 horas (sincronizado com a rotação da Terra) | Transmissão de TV, rádio e serviços meteorológicos |
SSO – Órbita Síncrona com o Sol | 600 a 800 km | 90 a 100 minutos | Monitoramento climático, incêndios florestais, desastres naturais |
GTO – Órbita de Transferência Geoestacionária | Variável (elíptica) | Variável | Rota intermediária para satélites GEO |
Exemplos de Satélites
LEO (Baixa órbita)
Starlink (SpaceX): Constelação com milhares de satélites para internet banda larga (~550 km).
Starlink: Satélite de banda larga.

MEO (Órbita média)
Global Positioning System (GPS): Sistema de navegação para localização e mobilidade.

GEO (Órbita geoestacionária)
GOES: Para previsão do tempo e rastreamento de tempestades.

SSO (Órbita síncrona com o sol)
Landsat (NASA/USGS): Monitoramento de uso do solo e recursos naturais.
Amazonia-1 (Brasil): Observação da floresta amazônica.

GTO (Transferência para GEO)
GovSat-1: Satélite de comunicações geoestacionário.

O Brasil e os Satélites
Satélite de Coleta de Dados 1 ou SCD-1
O primeiro satélite brasileiro foi o SCD-1, lançado em 1993 com o foguete Pegasus, orbitando a cerca de 750 km de altitude. Ele foi criado no âmbito da Missão Espacial Completa Brasileira (MECB).
Projetado para durar apenas 1 ano, o SCD-1 já ultrapassou 30 anos em funcionamento, enviando dados para a estação de Cuiabá.
Amazônia-1
Atualmente, o Brasil opera o Amazônia-1, satélite 100% nacional, lançado em 28 de fevereiro de 2021 a partir do centro espacial de Sriharikota (Índia), com o foguete PSLV-C51, em parceria com a ISRO (Indian Space Research Organisation).
O Amazônia-1 é dedicado ao monitoramento ambiental, operando com:
- Três bandas no espectro visível e uma no infravermelho próximo
- Resolução espacial de 60 metros
- Revisita a cada cinco dias
As imagens estão disponíveis publicamente no portal de dados do INPE.
Programa CBERS
O Brasil mantém cooperação com a China no programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellites).
Satélite CBERS-4A: Satélite de obserção da Terra brasileiro-chinês.

Resumo dos Satélites CBERS:
- CBERS-1 (1999): autonomia inicial em sensoriamento remoto
- CBERS-2 (2003): melhorias nos sensores
- CBERS-2B (2007): câmera HRC (2,7 metros de resolução)
- CBERS-3 (2013): falha no lançamento
- CBERS-4 (2014): sucesso no lançamento
- CBERS-4A (2019): foco em alta resolução (16 metros)
Futuro: Brasil e China estudam o desenvolvimento do CBERS-5, que poderá ser o primeiro da série a operar em órbita geoestacionária.
Referências
- EOS Data Analytics. Types of Satellite Orbits. Disponível em: eos.com/blog/types-of-satellite-orbits/
- NASA Earth Observatory. LEO, MEO, GEO Orbits. Disponível em: earthobservatory.nasa.gov/features/OrbitsCatalog
- NOAA. GOES-R Series Satellites. Disponível em: nesdis.noaa.gov/GOES-R-Series-Satellites
- INPE. Satélite Amazônia-1. Disponível em: www.inpe.br/amazonia1/
- Agência Espacial Brasileira. Missão CBERS. Disponível em: www.gov.br/aeb/pt-br/assuntos/cbers